O livro de Jó é considerado a obra-prima do movimento sapiencial. O personagem principal é Jó, um herói dos tempos antigos, que o livro coloca como alguém que viveu na época dos patriarcas. A tradição judaica o  considera um grande justo, que permaneceu fiel a Deus em uma tremenda provação.

O sofrimento é o tema central do livro. O justo Jó sofre, mas ao que tudo indica ele não é a causa de seu sofrimento. Às doenças físicas, há de ser somada a angústia mental: “Por que eu? O que eu fiz para merecer este destino?” A narrativa levanta uma das questões mais desconcertantes que se apresenta ao ser humano: os desígnios de Deus são justos? De igual modo, na igreja contemporânea, confronta-se com uma vertente teológica que afirma peremptoriamente: “Só passam por necessidades ou adoecem os infiéis ou incrédulos!”; “O justo não sofre!”; “Aquele que permanece fiel a Deus, não passa por tribulações!”

A história da relação entre Deus e sofrimento da humanidade não termina com o livro de Jó. Deus está no controle, repreendendo o sofredor inocente por questionar o seu poder e sabedoria. Para o cristão, em Jesus Cristo, o Senhor revela o seu amor pelas criaturas enviando o seu Filho para que morresse na cruz. Jesus Cristo é o verdadeiro sofredor inocente, o único completamente sem pecado. Em Cristo, Deus penetra no mundo do sofrimento humano para redimir a humanidade.